
Cetobriga
A tour of the roman legacy in the region of Setúbal
Description
Os primeiros vestígios de ocupação humana em Setúbal foram encontrados exclusivamente na colina de Santa Maria, que era delimitada a sul e a ocidente pela baía e por um braço de mar. O principal núcleo da cidade romana localizava-se nesta zona elevada, onde foi identificada uma estrutura interpretada como um edifício público, possivelmente parte do fórum.
No final da Idade do Ferro, começou a formar-se um cordão litoral a partir da colina que, em época romana, se estenderia até à atual Praça do Bocage. Nesta zona baixa instalaram-se atividades industriais, como fábricas de salga e olarias para produção de ânforas.
É provável que na zona pantanosa a norte deste cordão litoral, que só ficou colmatada no século XVI, se explorasse sal, embora seja difícil encontrar provas materiais. Não existem evidências diretas da atividade portuária, mas há numerosos testemunhos indiretos que comprovam a importância de Caetobriga como porto comercial romano.
A única necrópole identificada situava-se na zona oriental da colina de Santa Maria, possivelmente associada à entrada da via proveniente de Salacia. Era uma necrópole de inumação utilizada pelo menos entre os séculos II e IV.
Na margem direita da ribeira do Livramento existia outro núcleo de ocupação, com vestígios detetados sob o atual Bairro do Troino. A partir deste núcleo acedia-se à via para Olisipo, da qual a Calçada do Viso parece ser um vestígio.
Tour Map
Salgas de preparação de peixe
As ruínas da Fábrica Romana de Salga foram descobertas em 1979, aquando das obras de construção de um edifício situado na Travessa de Frei Gaspar, em Setúbal. Este complexo industrial destinava-se à preparação de derivados de peixe, incluindo o garum, ou pasta de peixe salgada, que na época constituía valiosa moeda de troca. Setúbal, a Cetobrica romana, era então um importante entreposto comercial, baseado em grande parte no comercio das conservas do abundante pescado do estuário do Sado. Para além da fábrica da Travessa de Frei Gaspar, conhecem-se duas outras na cidade, situadas na Rua Januário da Silva e na Praça de Bocage. A laboração destas salgadeiras implicava o desenvolvimento de indústrias auxiliares, como as olarias, os estaleiros, as manufacturas de redes de pesca, as salinas e as quintas agrícolas, dinamizando desta forma toda a região. As escavações arqueológicas realizadas no sítio revelaram dois grandes grupos estruturais. Um primeiro conjunto de estruturas teria eventual carácter habitacional, sendo datável de meados do século I d. C., época na qual seriam construídos o peristilo e a zona do pátio. No último quartel da centúria foi edificada a fábrica de salga, que se desenvolvia em torno do pátio central já referido, numa série de estruturas das quais apenas uma parte se encontra identificada. Junto da construção existiria um forno de olaria, para fabricação das ânforas nas quais os preparados de peixe eram embalados para exportação. A fábrica foi abandonada ao longo do século IV, quando os tanques ou cetárias passaram a ser utilizados como lixeiras, mas seria recuperada no século seguinte, quando se deu a segunda fase de construção do complexo. Embora não voltasse a laborar em pleno, os tanques foram beneficiados com novos revestimentos, em opus signinum, aparelhamento habitualmente utilizado para impermeabilizar estruturas, constando de cal e cerâmica triturada. Na mesma época, um dos tanques quadrangulares de maiores dimensões foi dividido em dois, e o pátio do século I foi igualmente revestido por um segundo pavimento. É em torno deste que se organizam, e são ainda visíveis, 14 tanques quadrangulares, dispostos em duas fiadas paralelas. A fábrica seria definitivamente abandonada no século V ou VI, certamente devido à decadência dos mercados e do comércio que se seguiu à queda do Império Romano, em 476 d.C.. Sílvia Leite / DIDA / IGESPAR, I.P. / 18-09-2007
Tanques de salga de peixe do período da ocupação romana, descobertos em 1979.
À semelhança do que sucedia noutros pontos da área atualmente ocupada pela Baixa setubalense (e, igualmente, em Troia), destinavam-se à manipulação de diversos preparados de peixe, avultando entre estes o garum (pasta de peixe salgada), que na época constituía valioso produto de exportação.
Setúbal, a Cetóbriga romana, era um importante entreposto comercial, baseado em grande parte na pesca, na conservação do pescado e na comercialização das conservas. Este espaço fabril romano foi abandonado ao longo do século IV, passando a ser utilizado como lixeira até à data da respetiva musealização.
Fábrica Romana de Salga
Pleiades ID: 53168773
Description
This Roman fish-salting workshop located in Setúbal dates to the first century CE. It was discovered in 1979.
See Further
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Wikipedia (Spanish) Fábrica romana de salado de SetúbalAccessWikipedia: la enciclopedia de contenido libre. Wikimedia Foundation, 2001. https://es.wikipedia.org.
Names
Creators & Contributors
Citation Information
Monument Information
Information
Monument Types
Historical Locations
-
Caetobriga
Certainty: segura Period: Época Romana
Current Location
- São Sebastião, Setúbal, Setúbal, Portugal
Time Periods
-
séc. I - séc. VI
Period: Época Romana Method: Contexto arqueológico
Geographic Information
-
Coordinates: 38.523481, -8.890321Accuracy: confiávelFeature Type: PointCRS: ETRS89 / Portugal TM06
Nearby Points of Interest
Setúbal
Introdução
Os primeiros momentos de ocupação humana em Setúbal estão atestados exclusivamente na colina de Santa Maria, que era limitada a sul e a ocidente pela baía e por um braço de mar que se estendia até ao atual Bairro do Liceu. O núcleo principal da cidade romana situar-se-ia nessa zona alta, tendo sido aí identificada uma estrutura que é interpretada como edifício público, eventualmente parte do forum. No final da idade do ferro terá começado a formar-se um cordão litoral a partir da colina que, em época romana, se estenderia até à atual praça do Bocage. É nessa zona baixa que se vão instalar as atividades industriais, sendo conhecidas fábricas de salga e olarias que se destinavam à produção de ânforas. É provável que na zona pantanosa a norte deste cordão litoral, que ficará colmatada apenas no séc. XVI (Andrade & Silveira, 2007, p. 158), se fizesse a exploração do sal, embora dificilmente possam ser encontradas provas materiais que o atestem. Também não existem evidências materiais da atividade portuária mas são inúmeros os testemunhos indiretos que atestam a importância de Caetobriga como porto comercial em época romana.A única necrópole identificada situava-se na zona oriental da colina de Santa Maria (antiga Ladeira de São Sebastião), podendo eventualmente estar associada à entrada na cidade da via procedente de Salacia. Trata-se de uma necrópole de inumação que terá estado em utilização, pelo menos, entre os séc. II e IV.Na margem direita da ribeira do Livramento ou, se preferirmos, a ocidente do braço de mar / sapal, existia um núcleo de ocupação do qual restam alguns testemunhos detetados sob o atual bairro do Troino. Seria a partir desse núcleo que se atingia a via em direção a Olisipo, da qual a Calçada do Viso (n.º 59) parece ser uma sobrevivência material.A identificação de Setúbal com Caetobriga é consensual entre os investigadores, sobretudo quando, a partir de meados do séc. XX, a investigação arqueológica vem demonstrar claramente a existência de uma ocupação romana de carácter urbano no local e põe fim à discussão sobre a atribuição deste topónimo ao complexo industrial situado em Tróia.
Fábrica Romana de Salga
Pleiades ID: 53168773
Description
This Roman fish-salting workshop located in Setúbal dates to the first century CE. It was discovered in 1979.
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Wikipedia (Spanish) Fábrica romana de salado de SetúbalAccessWikipedia: la enciclopedia de contenido libre. Wikimedia Foundation, 2001. https://es.wikipedia.org.
Names
Creators & Contributors
Citation Information
Monument Information
Information
Monument Types
Historical Locations
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Caetobriga
Certainty: segura Period: Época romana
Current Location
- S.Julião, N.S. da Anunciada e S.Maria da Graça, Setúbal, Setúbal, Portugal
Time Periods
-
séc. I a.C - séc. VII d.C.
Method: Contexto arqueológico
Geographic Information
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Coordinates: 38.52322504809253, -8.88960339904608Accuracy: confiávelFeature Type: PointCRS: ETRS89 / Portugal TM06
Nearby Points of Interest
Estrada Romana do Grelhal
Situada nos arredores de Setúbal, na localidade do Grelhal, este troço de estrada romana com cerca de 300 metros atesta a importância que a região de Cetóbriga (Setúbal) tinha por alturas da ocupação Romana da Península, por aqui passar uma das mais importantes estradas da região. De facto, este troço fazia parte da via Romana que ligava Olissipo (Lisboa) a Cetóbriga (Setúbal) e daí seguia para Salácia (Alcácer do Sal), Ébora (Évora) rumando à muito importante Emérita Augusta (Mérida, em Espanha), partindo do importante Porto Fluvial de Equabona (Coina). Esta calçada com cerca de 2000 mil anos situa-se numa zona de pinhal, estendendo-se por cerca de 300 metros, fazendo parte de um interessante percurso pedestre de onde se avistam bonitos panoramas.
Troço de calçada, conservada de uma forma descontínua em cerca de 800m, entre o bairro do Viso (Setúbal) e a povoação do Grelhal. Com uma largura média de 5m, apresenta nas bermas blocos verticais não aparelhados, com cerca de 0,5m de altura. Embora não se conservem todos, estariam colocados em intervalos regulares de 7m de comprimento. Uma sondagem realizada por C.Tavares da Silva em 1966 revelou que o empedrado superficial, constituído por blocos de calcário comum e brecha da Arrábida, atinge uma profundidade de 0,30m nas bermas e de 0,15-0,20m na zona central. Este empedrado assenta sobre uma camada de areia argilosa vermelha com pequenos calhaus que, por sua vez, se sobrepõe a outra de blocos de grés conquífero do Mioceno, assente sobre uma camada de argila cinzenta. Estas camadas foram colocadas como preenchimento de uma caixa aberta sobre o substrato rochoso com uma profundidade de 0,80m (C. T. da Silva & Soares, 1986, pp. 200–201).O traçado tem uma orientação E-W, vencendo um desnível considerável, iniciando-se à quota altimétrica 113,4m no bairro do Viso para atingir os 63,8m na interseção com a rua da Alfarrobeira no Grelhal. A atribuição cronológica faz-se exclusivamente com base na técnica de pavimentação, sendo certo que a calçada foi usada em época medieval e moderna como caminho de acesso a partir de Setúbal à ermida de São Luís da Serra, pertencente à Ordem de Santiago (cf. n.º 206).
Monument Information
Information
Monument Types
Current Location
- S.Julião, N.S. da Anunciada e S.Maria da Graça, Setúbal, Setúbal, Portugal
Time Periods
-
Period: Época romana Method: Morfologia
Geographic Information
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Coordinates: 38.52699372570951, -8.919000715915852Accuracy: confiávelFeature Type: PointCRS: ETRS89 / Portugal TM06
Nearby Points of Interest
Comenda
Complexo edificado do qual se conhecem duas áreas funcionais: um conjunto de cetárias e um edifício termal. Embora o sítio nunca tenha sido alvo de escavações arqueológicas, a atenção mais ou menos contínua que recebeu dos investigadores desde o séc. XIX permite considerar com alguma segurança a informação publicada.Além da vocação industrial associada à salga de peixe, o sítio teria também uma componente agrícola, já que se identificam alguns elementos associados à transformação de cereais (C. T. da Silva & Cabrita, 1964, p. 24). É contudo a existência de uma barragem associada ao complexo, com uma bacia hidrográfica de cerca de 2,6 km2, que atesta de uma forma mais evidente a possibilidade de se combinarem as atividades industriais com a produção agrícola (Quintela et al., 1987, pp. 71–73). O canal de que liga a barragem ao complexo edificado parece estar associado ao abastecimento das termas mas também à irrigação dos campos conhecidos atualmente como várzea da Comenda (Idem, 1987, p. 148).O ponto escolhido para representar o sítio é o centroide do polígono definido pela área de dispersão de vestígios romanos conforme publicada nos diferentes trabalhos citados.
Monument Information
Information
Monument Types
Current Location
- S.Julião, N.S. da Anunciada e S.Maria da Graça, Setúbal, Setúbal, Portugal
Time Periods
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Séc. I - Séc. IV
Method: Contexto arqueológico
Geographic Information
-
Coordinates: 38.50993176778451, -8.929540289821984Accuracy: confiável mas inferidaFeature Type: PointCRS: ETRS89 / Portugal TM06
Nearby Points of Interest
Estação arqueológica do Creiro
Na época romana, a riqueza de peixe e sal no estuário do Rio Sado levou à criação de indústrias de peixe salgado centradas nas cidades de Cetóbriga (atual Setúbal) e Tróia. A fábrica de Creiro foi uma das unidades de produção mais pequenas, mas antigas, de peixe salgado e em conserva, e de molhos de peixe que eram exportados por todo o Império em ânforas especialmente desenhadas. A região de Setúbal era a zona mais importante do Império Romano para o processamento de produtos piscícolas.
Nearby Points of Interest
Ruinas romanas de tróia (Caetobriga)
Ainda não se conhece o nome romano do aglomerado industrial de Tróia, mas pensa-se que foi planeado e construído de raiz, dividido em lotes, separados por ruas estreitas, onde as fábricas de salga de peixe seriam instaladas.
Até à data, foram ali identificadas 25 unidades de produção (oficinas) que, da primeira metade do século I à primeira metade do século V, faziam a salga do peixe e preparavam diversos molhos, entre os quais o famoso e caro garum, que eram depois exportados para vários locais do Império, inclusive Roma.
No sitio arqueológico de Tróia, a área visitável mostra duas unidades de produção (oficinas I e II) que no inicio do séc I d.C. estariam ligadas, formando uma grande fábrica.
No final do século II, por motivos ainda desconhecidos, a produção em Tróia parece ter sido interrompida e algumas oficinas terão sido mesmo abandonadas.
A partir do segundo quartel do século III, a produção foi restabelecida mas com uma visível reestruturação e reorganização dos espaço: as oficinas I e II, por exemplo, foram separadas e alguns dos seus tanques, divididos em tanques mais pequenos.
Com mais ou menos adaptações e reestruturações ao longo dos séculos, a produção de preparados de peixe nas fábricas de Tróia terá durado até meados do século V.
from:
https://portugal-em-pedra.blogspot.com/2020/01/ruinas-romanas-de-troia-os-romanos-na.html
Tróia
Pleiades ID: 256485
Description
The site of a large Roman town located on the Troia peninsula on the left bank of the Sado river.
See Further
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BAtlas 26 B3 TróiaAccessTalbert, Richard J. A., ed. Barrington Atlas of the Greek and Roman World. Princeton, N.J.: Princeton University Press, 2000. http://www.worldcat.org/oclc/43970336.
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Tovar 1976, 215
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TIR Emerita 157-58
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Wikipedia (Portuguese) Ruínas romanas de TroiaAccessWikipédia: A enciclopédia livre que todos podem editar (2001-), Ruínas romanas de Troia.
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PECS (Perseus), TROIA (“Caetobriga”) Alentejo, Portugal