
Castelo da Feira
Description
O Castelo da Feira implanta-se num morro sobranceiro à cidade de Santa Maria da Feira. O local tem uma ocupação que remonta à época romana, atestada pela presença de duas aras romanas, identificadas em 1912 e 1917, e de uma terceira ara, identificada em 1936 aquando de um restauro do torreão nascente da Torre. Na primeira fase da Reconquista, no séc. X, foi edificada uma estrutura defensiva que se circunscrevia a um pequeno recinto fortificado moçárabe, de planta quadrangular, sobre a qual, mais tarde, viria a ser edificada a atual Torre de Menagem. A civitas de Santa Maria assumia uma … O Castelo da Feira implanta-se num morro sobranceiro à cidade de Santa Maria da Feira. O local tem uma ocupação que remonta à época romana, atestada pela presença de duas aras romanas, identificadas em 1912 e 1917, e de uma terceira ara, identificada em 1936 aquando de um restauro do torreão nascente da Torre. Na primeira fase da Reconquista, no séc. X, foi edificada uma estrutura defensiva que se circunscrevia a um pequeno recinto fortificado moçárabe, de planta quadrangular, sobre a qual, mais tarde, viria a ser edificada a atual Torre de Menagem. A civitas de Santa Maria assumia uma posição defensiva na fronteira terrestre face às tropas muçulmanas e como dista poucos quilómetros da linha de costa, defendia a fronteira marítima dos ataques normandos. Deste castelo primitivo são ainda observáveis as pedras almofadadas nos paramentos da torre de menagem e a estrutura da sua porta principal, em arco ultrapassado de tipologia moçárabe. A concessão deste espaço à família Pereira, já no século XV, marcou o início de uma fase de intensa adaptação do castelo. Por um lado a Torre-Alcáçova é adaptada a espaço residencial, dotando-a de 3 pisos, sendo os 2 superiores reservados a área de habitação. Por outro lado é implementado um novo sistema defensivo marcado pela construção da barbacã da porta e da cerca-avançada que terá suprimido o antigo fosso. Com esta remodelação o Castelo da Feira configura "um dos melhores exemplos de estrutura habitacional tardo-medieval, e uma construção que testemunha a passagem da utilização das armas de arremesso para as de fogo." (TEIXEIRA, 2004). Já no século XVII é edificado na Praça de Armas o novo "Paço dos Condes" e celeiros. Na área extramuros foi erigida uma capela dedicada à Nossa Senhora da Encarnação. Estas edificações localizadas na Praça de Armas foram, na sua maioria, destruídas aquando das campanhas de restauro das décadas de 20 e 30 do século XX. Com a morte do último conde da Feira, em 1700, o castelo foi incorporado na Casa do Infantado, iniciando-se um longo período de degradação do monumento, acelerado por um incêndio ocorrido em 1722. Só a partir de 1877 é que se iniciam trabalhos de restauro e conservação deste imóvel que se estenderam por todo o séc. XX. Os trabalhos arqueológicos realizados em 2000 foram da responsabilidade de Gustavo Portocarrero, tendo sido realizadas sondagens que permitiram aferir a evolução construtiva do forte e o potencial arqueológico no interior da Torre. Entre 2002 e 2003 o espaço foi intervencionado por Ricardo Teixeira e Victor Fonseca no âmbito do projeto de valorização do Castelo de Santa Maria da Feira. A escavação da alcáçova, na área de implantação da cisterna, permitiu definir a sua estrutura construtiva; as sondagens realizadas no primeiro patamar da tenalha comprovaram a sua construção no séc. XV. As escavações realizadas no lado Norte, do exterior do castelo, permitiram identificar uma área de fosso, elemento defensivo que se reveste de alguma raridade no contexto nacional e cuja existência se desconhecia até esta intervenção. O fosso terá desaparecido com a construção da Cerca-avançada no séc. XV. Esta intervenção permitiu ainda confirmar a existência de uma ocupação anterior à do castelo medieval, de época romana e castreja. Foi ainda realizado um minucioso levantamento do pavimento e alçados internos da cisterna, incluindo os decalques das siglas identificadas. O espólio exumado nesta intervenção foi bastante avultado, com bastantes peças cerâmicas e de metal, destacando-se as peças numismáticas. (atualizado por F. Bragança)
Archaeological Findings
Material de construção, cerâmicas comuns do século XVI-XIX, cerâmicas vidradas do século XVI-XVII, azuleijos do século XVII, ossos, vídros, lapas, moedas do século XX, metais e líticos. Cerâmica castreja; cerâmica romana (comum, ànforas, sigillatas, tégula); cerâmica comum medieval.
Depositaries
IPPAR - Instituto Português do Património Arquitectónico
Classification
ZEP - Zona Especial de Protecção
Conservation Status
-
References
Inventário artístico de Portugal: distrito de Aveiro : zona do Norte. Inventário artístico de Portugal (1981)
GONÇALVES, António Nogueira (1981) - Inventário artístico de Portugal: distrito de Aveiro : zona do Norte. In Inventário artístico de Portugal. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, (Inventário artístico de Portugal, 10), p. 122172.
Location
40.920929, -8.542677