
Beja - Rua do Sembrano
Description
A Rua do Sembrano localiza-se na vertente sudoeste do centro histórico da cidade de Beja. Os vários trabalhos arqueológicos de cariz preventivo realizados nesta rua, entre a década de 80 do século XX e a actualidade, permitiram identificar várias estruturas e materiais associados a distintas fases de ocupação de Beja, cronologicamente balizadas entre a Pré-história e o período contemporâneo. Os materiais associados a cronologias pré-históricas (nomeadamente ao 3º milénio a. C.) são escassos e recolhidos de forma dispersa, sem associação a contextos específicos, o que limita a caracterização desta fase de ocupação. Da ocupação da II Idade do Ferro (século … A Rua do Sembrano localiza-se na vertente sudoeste do centro histórico da cidade de Beja. Os vários trabalhos arqueológicos de cariz preventivo realizados nesta rua, entre a década de 80 do século XX e a actualidade, permitiram identificar várias estruturas e materiais associados a distintas fases de ocupação de Beja, cronologicamente balizadas entre a Pré-história e o período contemporâneo. Os materiais associados a cronologias pré-históricas (nomeadamente ao 3º milénio a. C.) são escassos e recolhidos de forma dispersa, sem associação a contextos específicos, o que limita a caracterização desta fase de ocupação. Da ocupação da II Idade do Ferro (século … A Rua do Sembrano localiza-se na vertente sudoeste do centro histórico da cidade de Beja. Os vários trabalhos arqueológicos de cariz preventivo realizados nesta rua, entre a década de 80 do século XX e a actualidade, permitiram identificar várias estruturas e materiais associados a distintas fases de ocupação de Beja, cronologicamente balizadas entre a Pré-história e o período contemporâneo. Os materiais associados a cronologias pré-históricas (nomeadamente ao 3º milénio a. C.) são escassos e recolhidos de forma dispersa, sem associação a contextos específicos, o que limita a caracterização desta fase de ocupação. Da ocupação da II Idade do Ferro (século IV - II a. C.) documentam-se vestígios de uma possante muralha, construída em pedra seca, orientada no sentido SE - NO, associada a estruturas precárias, eventualmente domésticas, na área interior e a um conjunto significativo e diversificado de materiais, alguns dos quais de proveniência exógena. Estes indícios indicam que antes da ocupação romana, Beja seria um povoado fortificado, com alguma relevância em termos locais e regionais. Do período romano (século I a. C - IV / V d. C.) identificaram-se vestígios de estruturas domésticas (insulae), de arruamentos e de um pequeno complexo termal, provavelmente privado, com várias fases de remodelação, de que se conservam segmentos de canalizações, parte da arcaria de um hipocausto, compartimentos e pequenos tanques revestidos a mármore. Em época medieval, esta área terá sido utilizada com espaço habitacional, artesanal e de armazenamento (com vários silos identificados), tendo-se reutilizado muitos dos materiais de construção romano na edificação de novos edifícios e estruturas. A ocupação na Idade Moderna, sobretudo nos séculos XVII e XVIII terá sido intensa, como é demonstrado pela grande quantidade e diversidade de espólio (cerâmica comum, vidrados, porcelana chinesa, vidro decorado, moedas, dedais, alfinetes, materiais em bronze e ferro) recolhido nas várias intervenções arqueológicas. (atualizado por C. Costeira, 15/02/19). Trabalhos de acompanhamento em 2019 de vala na rua frente aos números 92 a 96 identificaram um silo e um caneiro e algumas estruturas cuja funcionalidade não foi possível determinar pelas limitações da área acompanhada. Em 2020 outras valas apenas revelaram a presença, junto ao nº 86, do que poderá ser um antigo alicerce de fundação da habitação datável de época contemporânea.