
Anta pintada de Antelas / Dólmen de Antelas
Description
O Dólmen ou Anta pintada de Antela localiza-se, no sítio do Bouço, a cerca de 250m para Este da povoação de Antelas (Pinheiro, Oliveira de Frades, Viseu). Encontra-se implantado na vertente SW da Serra das Talhadas, no meio de um pinhal, situado numa vasta superfície aplanada, integrando a bacia hidrográfica do Alfusqueiro, subsidiária da bacia do Vouga. Este monumento foi identificado e intervencionado por Amorim Girão (24 de Março de 1917),que destaca a existência de pinturas a ocre vermelho e apresenta desenhos de alguns artefactos recolhidos. Em 1956/1957,o sítio é escavado por L. Albuquerque e Castro, O. da Veiga Ferreira … O Dólmen ou Anta pintada de Antela localiza-se, no sítio do Bouço, a cerca de 250m para Este da povoação de Antelas (Pinheiro, Oliveira de Frades, Viseu). Encontra-se implantado na vertente SW da Serra das Talhadas, no meio de um pinhal, situado numa vasta superfície aplanada, integrando a bacia hidrográfica do Alfusqueiro, subsidiária da bacia do Vouga. Este monumento foi identificado e intervencionado por Amorim Girão (24 de Março de 1917),que destaca a existência de pinturas a ocre vermelho e apresenta desenhos de alguns artefactos recolhidos. Em 1956/1957,o sítio é escavado por L. Albuquerque e Castro, O. da Veiga Ferreira e A. Viana, tendo sido efetuado o levantamento das pinturas então identificadas. Segundo estes investigadores parte das pinturas, que se encontraram expostas aos elementos já teriam desaparecido pelo que, após a intervenção arqueológica, o monumento foi novamente enterrado, com carácter provisório. Este monumento volta a ser intervencionado por D. Cruz em 1992/93, tendo sido efetuados trabalhos de escavação, conservação e restauro, obtendo novos dados sobre a arquitetura do monumento. O dólmen é constituído por uma mamoa, em terra, com um diâmetro de cerca de 20m e 2,50m de altura. Apresentava um revestimento em pedra e cobria uma câmara, com um diâmetro de cerca de 4m e 2,5m de altura, constituída por oito esteios de granito. O corredor, que se diferencia da câmara em planta e alçado, é constituído por nove esteios (cinco do lado direito e quatro no lado sul), com um comprimento total de 3,5m. A altura dos esteios varia entre os 0,90m e 0,30m. Virado a nascente, apresenta um desnível entre o corredor e a câmara com cerca de 0,15m. As escavações de 1993 revelaram a presença de um contraforte que envolvia toda a estrutura. No sector nascente foi identificado um corredor intratumular e um átrio. Este, de planta ovalada e com cerca de 5m no seu eixo maior, encontrava-se delimitado por uma cintura de pedras. Nesta área foram identificadas pequenas fogueiras e objetos líticos in situ, que deveriam corresponder a oferendas ou depósitos votivos. O espaço foi encerrado através da colocação de uma estrutura de condenação em pedra e terra. Pinturas, a preto e vermelho, e algumas gravuras encontram-se presentes em todos os esteios da câmara (formando como que um painel), mas ausentes no corredor. Estão representadas figurações antropomórficas estilizadas, símbolos alusivos à Lua e ao Sol, motivos decorativos geometrizantes (linhas serpentiformes e ziguezagueantes, reticulados) entre outros. Datações de Carbono-14 de amostras de carvões vegetais (recolhidos sob as lajes do corredor intratumular), permitem datar a construção desta estrutura entre 3990 e 3700 AC. Os resultados obtidos a amostras de pigmento das pinturas a preto (laje de cabeceira) remetem para uma execução / retoque entre 3625 e 3140 AC. Não será de excluir a hipótese de as pinturas terem sofrido processos de reavivamento e/ou acrescentamento de motivos durante o período de utilização do monumento. As análises efetuadas a 15 artefactos em sílex revelaram 5 possíveis áreas de abastecimento da matéria-prima, revelando a complexidade dos circuitos de abastecimento de sílex. Através da análise traceológica observou-se que a maioria destes artefactos não foi utilizada antes da sua deposição. [atualizado por I. Inácio, 4/03/19]
Archaeological Findings
Foram recolhidos micrólitos geométricos, lâminas, machados de pedra polida, um vaso cerâmico de pequenas dimensões e um dormente de mó manual.
Depositaries
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Classification
Classificado como MN - Monumento Nacional
Conservation Status
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References
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O Alto Paiva: megalitismo, diversidade tumular e práticas rituais durante a Pré-história Recente, 2 vols. (2001)
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O dolmén pintado de Antelas (Oliveira de Frades). Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal (1957)
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Proveniências e utilização do sílex no Megalitismo de Lafões (Viseu, Portugal). Primeira abordagem a partir dos conjuntos dos Dólmenes de Lapa da Meruje e de Antelas. De Gibraltar aos Pirenéus. Megalitismo, Vida e Morte na Fachada Atlântica Peninsular (2018)
CARVALHO, António Faustino, PEREIRA, Telmo e GIBAJA, J. F. (2018) - Proveniências e utilização do sílex no Megalitismo de Lafões (Viseu, Portugal). Primeira abordagem a partir dos conjuntos dos Dólmenes de Lapa da Meruje e de Antelas. In De Gibraltar aos Pirenéus. Megalitismo, Vida e Morte na Fachada Atlântica Peninsular.
Sítios arqueológicos visitáveis em Portugal. Al-madan (2001)
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Location
40.7124964576235, -8.2439465789537