
Braga - Tanque do Quintal do Ídolo/ Fonte do Ídolo
Description
O santuário rupestre da Fonte do Ídolo, Quintal do Ídolo, Ídolo dos Granginhos ou, como era localmente conhecido, Idro, localiza-se no centro da cidade de Braga, na Rua do Raio. O afloramento granítico, de grandes dimensões, apresenta uma orientação nordeste-sudoeste e encontra-se gravado com inscrições e figuras em alto-relevo esculpidas numa extensão de cerca de 3m que se distribuem por dois grandes conjuntos. Integram ainda este espaço um tanque com cerca de 5m por 10m e uma escadaria escavada no afloramento. A construção deste santuário rupestre é cronologicamente enquadrável no Séc. I d.C. O primeiro conjunto escultórico localiza-se do lado … O santuário rupestre da Fonte do Ídolo, Quintal do Ídolo, Ídolo dos Granginhos ou, como era localmente conhecido, Idro, localiza-se no centro da cidade de Braga, na Rua do Raio. O afloramento granítico, de grandes dimensões, apresenta uma orientação nordeste-sudoeste e encontra-se gravado com inscrições e figuras em alto-relevo esculpidas numa extensão de cerca de 3m que se distribuem por dois grandes conjuntos. Integram ainda este espaço um tanque com cerca de 5m por 10m e uma escadaria escavada no afloramento. A construção deste santuário rupestre é cronologicamente enquadrável no Séc. I d.C. O primeiro conjunto escultórico localiza-se do lado esquerdo do afloramento e caracteriza-se pela presença de uma figura de pé, envergando uma toga e com a face bastante erodida. Segura na mão o que tem sido interpretado como um vaso ou uma cornucópia. Este conjunto integra ainda uma inscrição com o seguinte texto: [CEL]/ICVS FRONTO/ ARCOBRIGENSiS/ AMBIMOGIDVS/ FECIT. No segundo conjunto, do lado direito, encontra-se uma edícula, com 50cm de largura por 60cm de comprimento, com um busto, de traços masculinos, no seu interior. Este elemento é encimado por um frontão, no qual estão representados uma pomba e um martelo. Na sua base encontra-se a nascente da fonte que corre por um sulco escavado no chão, para fora do tanque. Encontram-se ainda as seguintes inscrições associadas a esta escultura (por cima do ombro: CELIUS/FECIT; do lado esquerdo da edícula: TONGOE/ NABIAGOI; na base: FRONT). A primeira referência conhecida a este monumento é um desenho de Contador de Argote, datado de 1732. As intervenções arqueológicas iniciaram-se na década de 30 do século XX, permitindo recolher abundante material de construção romano (tegulae e ímbrices) e uma lápide de granito, com aproximadamente 0,50m de altura e 0,15m de largura, com a inscrição NABIAE/ RVFINA/. VSLM. A identificação desta lápide conduziu o arqueólogo Carlos Teixeira a associar este local à divindade Nabia. Nos finais da década de 80 do século XX, a área circundante à Fonte do Ídolo, de acesso ao hospital de a Rua dos Granjinhos, foi profundamente revolvida,identificando-se num dos cortes um muro. Entre 1993 e 1994 o Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Braga realizou vários trabalhos arqueológicos, que permitiram identificar na área norte do santuário um conjunto de canalizações e tanques romanos, possivelmente alimentados pela nascente da Fonte do Ídolo. A sul, foram identificados os alicerces de um muro da mesma cronologia. Os trabalhos de acompanhamento realizados em 2003, por Francisco Sande Lemos e José Freitas Leite, aquando das obras de valorização do monumento, permitiram identificar um pavimento enquadrável na Antiguidade tardia, que não foi intervencionado, e a sul registaram uma conduta de água romana alimentada pela fonte. As interpretações epigráficas, funcionais e simbólicas deste espaço têm sido muito diversificadas desde o início da sua investigação. Para Sande Lemos, este espaço poderá ser interpretado como um santuário particular, integrado no jardim de uma habitação na periferia de Bracara Augusta. Enquanto Manuela Martins, considera que a Fonte do Ídolo poderia corresponder a um monumento público, edificado por Celicus Fronto (LEMOS, 2006). Não obstante a diversidade de interpretações, é consensual a associação deste espaço a um santuário dedicado a uma divindade aquática. (atualizado por F. Bragança e C. Costeira, 03/07/2019).
Archaeological Findings
Fragmentos de estátuas, inscrições, materiais de construção romanos (tegulae e ímbrices).
Depositaries
Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa
Classification
Classificado como MN - Monumento Nacional
Conservation Status
Bom
References
Corpus Signorum Imperii Romani: Portugal (1990)
SOUZA, Vasco de (1990). Corpus Signorum Imperii Romani: Portugal. Coimbra: Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, p. 180.
Deuses da planície: Nabia e Assimilados. Religiões da Lusitânia. LOQUUNTUR SAXA (2002)
RODRÍGUEZ COLMENERO, António (2002) - Deuses da planície: Nabia e Assimilados. In Religiões da Lusitânia. LOQUUNTUR SAXA. J. C. Ribeiro ed.
Escultura romana em Portugal: uma arte do quotidiano (2007)
GONÇALVES, Luis Jorge Rodrigues (2007). Escultura romana em Portugal: uma arte do quotidiano. STVDIA LVSITANA (Série Monográfica do Museo Nacional de Arte Romano, Mérida), nº 2 2 Volumes (Texto e Imagens).
Fonte do Ídolo, Braga. Contexto histórico, monumento e arqueologia. Monumentos (2006)
LEMOS, Francisco Sande (2006) - Fonte do Ídolo, Braga. Contexto histórico, monumento e arqueologia. In Monumentos. N.º 24. Lisboa: DGMEN.
La Galice romaine: recherches sur le nord-ouest de la penínsule ibérique dans l'Antiquité (1981)
TRANOY, Alain (1981). La Galice romaine: recherches sur le nordouest de la penínsule ibérique dans l'Antiquité. Paris: Diffusion de Boccard, (Maison des Pays Ibériques, 7).
Memórias para a História Ecclesiástica do Arcebispado de Braga, Primaz das Hespanhas (1732)
ARGOTE, Jerónimo Contador de (1732). Memórias para a História Ecclesiástica do Arcebispado de Braga, Primaz das Hespanhas. Lisboa: Régia Officina Sylviana, 4 vols.
O drama da Fonte do Ídolo. Al-madan (2001)
GUERRA, Amilcar (2001) - O drama da Fonte do Ídolo. In Almadan. Almada. 2ª série:10, p.2021.
Religiones prerromanas (1983)
BLÁZQUEZ, J. M. (1983). Religiones prerromanas.
Religiões da Lusitânia II (1905)
VASCONCELLOS, José de Leite de (1905). Religiões da Lusitânia II. Lisboa. Imprensa Nacional Casa da Moeda, p. 372.
Religiões da Lusitânia. LOQUUNTUR SAXA (guia da exposição) (2002)
(2002). Religiões da Lusitânia. LOQUUNTUR SAXA (guia da exposição). RIBEIRO, José Cardim, Coord. (2002) Religiões da Lusitânia, Loquuntur saxa. Lisboa: IPM/Museu Nacional de Arqueologia.
Subsídios para o estudo da arqueologia bracarense. III - A Fonte do Idolo e o culto de Nabia. Prisma (1938)
TEIXEIRA, Carlos (1938) - Subsídios para o estudo da arqueologia bracarense. III A Fonte do Idolo e o culto de Nabia. In Prisma. Porto. 2:3, p. 145153.
Sítios Arqueológicos Portugueses Revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-Madan (2016)
RAPOSO, Jorge (2016) - Sítios Arqueológicos Portugueses Revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. In AlMadan.
Location
41.548703, -8.421972