
Castro do Monte Padrão/ Castro do Monte Córdova
Description
O Castro do Monte Padrão localiza-se na freguesia de Monte Córdova, concelho de Santo Tirso, distrito do Porto, a poucos quilómetros a sudoeste da sede do concelho. O sítio ocupa um esporão rochoso da serra de Monte Córdova, com uma área aproximada de 17.000 m2, localizando-se na área limite das bacias hidrográficas dos rios Ave e Leça. A sua implantação revela uma posição de destaque na paisagem permitindo um controlo dos principais eixos de circulação e proporcionando boas condições naturais de defesa. Alvo de trabalhos arqueológicos a partir de 1951 realizados por Carlos Manuel Faya Santarém e posteriormente retomados, na … O Castro do Monte Padrão localiza-se na freguesia de Monte Córdova, concelho de Santo Tirso, distrito do Porto, a poucos quilómetros a sudoeste da sede do concelho. O sítio ocupa um esporão rochoso da serra de Monte Córdova, com uma área aproximada de 17.000 m2, localizando-se na área limite das bacias hidrográficas dos rios Ave e Leça. A sua implantação revela uma posição de destaque na paisagem permitindo um controlo dos principais eixos de circulação e proporcionando boas condições naturais de defesa. Alvo de trabalhos arqueológicos a partir de 1951 realizados por Carlos Manuel Faya Santarém e posteriormente retomados, na década de 80 do século XX por Manuela Martins, que documentou a ocupação mais antiga do povoado. Na década de 90 foram realizadas várias campanhas de investigação e de valorização, pelo arqueólogo Álvaro de Brito Moreira com o apoio da Câmara Municipal de Santo Tirso. No decorrer destes trabalhos foi possível documentar uma longa ocupação, iniciada no Bronze Médio e que se prolonga até ao 2º quartel do século XVII. A primeira ocupação, localizada na face nordeste da plataforma superior do povoado, remonta ao Bronze Médio, tendo sido escavada uma fossa detrítica e estratos arqueológicos onde foram recolhidas cerâmicas, datados genericamente do Bronze Final, contudo a presença de um significativo número de fragmentos com decoração excisa e tipo boquique, cujos paralelos regionais sugerem uma datação entre o final do Bronze Médio e o Bronze Final Pleno, permite admitir uma primeira ocupação do povoado neste período. Nos níveis imediatamente posteriores aos do Bronze Final, em meados do I milénio a.C., o povoado terá vivido um particular desenvolvimento, tornando-se num efetivo habitat castrejo. A este momento estão associadas as primeiras estruturas habitacionais pétreas assim como uma estrutura que poderá corresponder a uma primeira linha defensiva, identificadas na face nordeste da plataforma superior, associadas a cerâmicas indígenas. O apogeu o Monte Padrão enquanto povoado castrejo verificou-se no século I a.C. sendo desta fase a maior parte das estruturas habitacionais identificadas na acrópole, as principais estruturas defensivas, alvo de restauro e ampliação neste período, assim como o balneário identificado na face sudeste do povoado. Este balneário, identificado em 2017, possui uma estrutura arquitetónica semelhante à verificada nos balneários conhecidos nesta região entre Douro e Minho, nomeadamente o da Citânia de Sanfins e da Citânia de Briteiros. Desconhece-se a unidade supra-familiar que habitava o castro mas sabe-se que integraria um vasto território definido pela serra da Agrela a Oeste, o rio Ave a Norte e o rio Leça a Sul, então territorialmente controlada pela unidade gentílica dos Fiduenae, cujo povoado nuclear seria a Citânia de Sanfins em Paços de Ferreira (Moreira, 2004). Entre a 1ª metade do século II e meados do século III assiste-se a uma profunda remodelação urbanística no Monte Padrão, com a definitiva destruição das estruturas castrejas e construção de um conjunto de edifícios na plataforma superior, de plantas complexas e de múltiplas funções. O povoado indígena, estruturado em plataformas artificiais, criadas a partir de duas linhas de muralha e organizado em núcleos familiares com a respetivas casas de planta circular, dá lugar a um conjunto de estruturas de plantas complexas. Deste período foram intervencionadas quatro domus, localizadas na plataforma superior do povoado. O declínio do Monte Padrão verifica-se a partir de meados do século III. Voltamos a encontrar o Monte Padrão ocupado entre o século X e meados do século XVII. Foi também identificada e escavada uma necrópole medieval, composta por vários tipos de sepulcros nomeadamente sarcófagos, sepulturas de tampa única e sepulturas de caixa, localizada em torno da igreja paroquial. (Actualizado em 26.03.2019 Sofia Gomes)
Archaeological Findings
Cerâmico, vítreo, lítico metálico, numismático e osteológico.
Depositaries
Câmara Municipal de Santo Tirso e Museu Municipal Abade Pedrosa, Santo Tirso
Classification
ZEP - Zona Especial de Protecção
Conservation Status
Regular
References
Carta Arqueológica do Concelho de Santo Tirso. Das origens do povoamento à alta idade média. (2014)
MOREIRA, Álvaro de Brito (2014). Carta Arqueológica do Concelho de Santo Tirso. Das origens do povoamento à alta idade média. Santo Tirso, 2014.
Elementos para a Carta Arqueológica do Concelho de Santo Tirso: a estação arqueológica de Alvarelhos. Santo Tirso Arqueológico (1992)
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O balneário castrejo do Monte Padrão, Santo Tirso. Santo Tirso Arqueológico (2013)
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O castro do Monte do Padrão. O Concelho de Santo Tirso - Boletim Cultural (1951)
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Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário (1993)
(1993). Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário. Lisboa: IPPAR, 3 Vols. BA: PI/Pat.
Povoamento do Baixo Ave no 1 milénio A.C.. Actas do 2º Congresso de Arqueologia Peninsular, Zamora, 1996 (1999)
DINIS, António Pereira (1999) - Povoamento do Baixo Ave no 1 milénio A.C. In Actas do 2º Congresso de Arqueologia Peninsular, Zamora, 1996. Zamora : Fundación Rei Afonso Henriques.Tomo III. p. 3748.
Sondagens arqueológicas no castro do Monte do Padrão, Santo Tirso. Cadernos de Arqueologia (1985)
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Sítios arqueológicos visitáveis em Portugal. Al-madan (2001)
RAPOSO, Jorge (2001) - Sítios arqueológicos visitáveis em Portugal. In Almadan. Almada. 2ª série: 10, p. 100157. BA: 0006a.
Location
41.3129257716181, -8.44930186087203