
Cerro da Vila
Description
O sítio arqueológico do Cerro da vila localiza-se numa suave elevação (a 6 m de altitude), na margem nascente da Ribeira de Quarteira, a cerca de 500 m da costa marítima e a 2 km para oeste da antiga vila piscatória de Quarteira, estando atualmente rodeado pela urbanização turística de Vilamoura. Este local de implantação, propício à exploração de recursos marítimos e ao dinamismo comercial, condicionou a preservação dos vestígios arqueológicos devido à erosão costeira e à pressão turística. Os diversos trabalhos arqueológicos realizados permitiram identificar vestígios estruturais e artefactuais de uma imponente villa romana, com várias fases de construção … O sítio arqueológico do Cerro da vila localiza-se numa suave elevação (a 6 m de altitude), na margem nascente da Ribeira de Quarteira, a cerca de 500 m da costa marítima e a 2 km para oeste da antiga vila piscatória de Quarteira, estando atualmente rodeado pela urbanização turística de Vilamoura. Este local de implantação, propício à exploração de recursos marítimos e ao dinamismo comercial, condicionou a preservação dos vestígios arqueológicos devido à erosão costeira e à pressão turística. Os diversos trabalhos arqueológicos realizados permitiram identificar vestígios estruturais e artefactuais de uma imponente villa romana, com várias fases de construção e ocupação, cronologicamente balizadas entre o século I a. C. e o século VII d. C (período Romano / Antiguidade Tardia), bem como materiais integrados nos séculos VIII / inícios do século X (período medieval islâmico). Na área mais alta da elevação localizam-se as estruturas residenciais mais imponentes desta villa, nomeadamente a casa (domus), organizada em torno de um peristilum, com tanque ao centro, múltiplos compartimentos, alguns dos quais pavimentados com mosaicos e um edifício termal privado. Este conjunto residencial apresenta várias fases de construção / remodelação, aumentando a sua monumentalidade nos séculos III - IV d. C. Nas margens da laguna (área oeste) identificaram-se vestígios de uma estrutura portuária romana, que demonstra a navegabilidade desta ria e a importância dos recursos marítimos, bem como um edifício termal de grandes dimensões, com uma ampla utilização. Nas proximidades deste complexo termal e na área este, localizavam-se as estruturas funcionais da villa, nomeadamente vários compartimentos com tanques para a elaboração de preparados de peixe e de corantes (púrpura) para a tinturaria de tecidos, bem como áreas residenciais de menores dimensões destinadas aos trabalhadores, servos e escravos. O cerro da Vila tem várias áreas sepulcrais que evidenciam as profundas transformações religiosas e rituais vividas entre o período romano / Antiguidade Tardia. A leste da villa identificaram-se dois mausoléus, destinados à família do proprietário, um deles tipo templo, (semelhante ao da villa romana de Milreu), com nichos para colocação de urnas funerárias, utilizado entre os séculos II - III d. C. A área funerária da restante comunidade localizava-se a nordeste, apresentando sepulturas simples, com morfologias diversificadas e raro espólio, em funcionamento até aos século IV / V. Em época visigótica (século V - VI) verificaram-se alterações na área de necrópole, que se aproxima da villa, sobrepondo anteriores estruturas industriais. As sepulturas desta cronologia mantêm a diversidade tipológica e arquitetónica, registando alguns materiais do período visigótico. De época medieval islâmica são visíveis vestígios de habitações domésticas de planta retangular, com pátio interior, com características típicas das áreas rurais do Al-Andalus, alguns silos e um conjunto abundante e diversificado de materiais, nomeadamente recipientes cerâmicos. No interior de um dos silos recolheu-se um tesouro monetário, cronologicamente enquadrado no século IX - X, evidenciando simultaneamente a prosperidade deste núcleo e a instabilidade política do território. A diversidade arquitetónica e artefactual no Cerro da Vila evidenciam a longa diacronia de ocupação e o forte dinamismo económica nas áreas litorais algarvias, associado à exploração de recursos marítimos e às trocas comerciais. Este sítio foi identificado e primeiramente publicado por Estácio da Veiga (1910). Nos anos 60, José Farrajota e Afonso do Paço realização prospeções no local, identificando materiais romanos e estruturas dispersos por uma área de cerca de 3 hectares. Entre os anos 70 e 90, José Luís de Matos realiza escavações sistemáticas e publica múltiplos trabalhos sobre as estruturas e materiais das várias fases de ocupação do sítio do Cerro da Vila. Estes trabalhos arqueológicos decorreram
Archaeological Findings
Cerâmicas, vidros, restos osteológicos (romanos e islâmicos)
Depositaries
Museu Monográfico do Cerro da Vila
Classification
Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
Conservation Status
Bom
References
A arquitectura doméstica romana no litoral algarvio: Cerro da Vila (Quarteira). Património Estudos (2005)
TEICHNER, Félix (2005) - A arquitectura doméstica romana no litoral algarvio: Cerro da Vila (Quarteira). In Património Estudos.
A indústria romana de transformação e conserva de peixe, em Olisipo. Núcleo arqueológico da Rua dos Correeiros (2001)
BUGALHÃO, Jacinta (2001). A indústria romana de transformação e conserva de peixe, em Olisipo. Núcleo arqueológico da Rua dos Correeiros. BUGALHÃO, Jacinta, 2001 A indústria romana de transformação e conserva de peixe em Olisipo: Núcleo arqueológico da Rua dos Correeiros. (Trabalhos de Arqueologia, 15). Lisboa: Instituto Português de Arqueologia, 186 p.
Antiguidades monumentais do Algarve. O Arqueólogo Português (1910)
VEIGA, Sebastião Filipe Martins Estácio da (1910) - Antiguidades monumentais do Algarve. In O Arqueólogo Português. Lisboa. 1ª série:15, p. 614; p. 107119.
Aproveitamentos Hidráulicos Romanos a Sul do Tejo. Contribuição para a sua inventariação e caracterização (1986)
QUINTELA, António de Carvalho, CARDOSO, João Luis Serrão da C. e MASCARENHAS, José Manuel (1986). Aproveitamentos Hidráulicos Romanos a Sul do Tejo. Contribuição para a sua inventariação e caracterização. Lisboa.
Arqueologia Romana do Algarve: Subsídios (1971)
SANTOS, Maria Luísa Estácio da Veiga Affonso dos (1971). Arqueologia Romana do Algarve: Subsídios. Lisboa: Associação dos Arqueólogos Portugueses, Vol. 1, p. 404.
Arqueologia do Concelho de Loulé (1988)
MARTINS, Isilda Maria Pires (1988). Arqueologia do Concelho de Loulé. Loulé: Câmara Municipal de Loulé, p. 219.
As Transformações no Fim do Mundo Rural Romano no Sudoeste Peninsular: evidências e problemas arqueológicos (sécs. V-VII). Anales de Arqueología Cordobesa (2009)
BERNARDES, João Pedro (2009) - As Transformações no Fim do Mundo Rural Romano no Sudoeste Peninsular: evidências e problemas arqueológicos (sécs. VVII). In Anales de Arqueología Cordobesa.
As necrópoles romanas do Algarve - acerca dos espaços da morte no extremo Sul da Lusitânia (2014)
PEREIRA, Carlos (2014). As necrópoles romanas do Algarve acerca dos espaços da morte no extremo Sul da Lusitânia.
As villas do actual Algarve. Noventa séculos entre a serra e o mar (1997)
FABIÃO, Carlos Jorge Soares (1997) - As villas do actual Algarve. In Noventa séculos entre a serra e o mar. Lisboa: IPPAR, p. 373387.
Barragens romanas do Algarve. Actas do 5º Congresso do Algarve, Albufeira, 1988 (1988)
QUINTELA, António de Carvalho, CARDOSO, João Luis Serrão da C. e MASCARENHAS, José Manuel (1988) - Barragens romanas do Algarve. In Actas do 5º Congresso do Algarve, Albufeira, 1988. Albufeira: Racal Clube, 1, 1927.
Cerro da Vila (Algarve, Portugal). Aldeia do mar na época islâmica.. Al-Ândalus. Espaço de Mudança - Homenagem a Juan Zozaya (2006)
TEICHNER, Félix e SCHIERL, Th. (2006) - Cerro da Vila (Algarve, Portugal). Aldeia do mar na época islâmica. In AlÂndalus. Espaço de Mudança Homenagem a Juan Zozaya.
Cerro da Vila (Vilamoura): Roteiro da Estação Arqueológica de Vilamoura. (1978)
MATOS, José Luís Martins de (1978). Cerro da Vila (Vilamoura): Roteiro da Estação Arqueológica de Vilamoura.
Cerro da Vila - Aglomeração secundária e centro de produção de tinturaria no sul da província Lusitânia. XELB, 5 (2005)
TEICHNER, Félix (2005) - Cerro da Vila Aglomeração secundária e centro de produção de tinturaria no sul da província Lusitânia. In XELB, 5.
Cerro da Vila - Necrópole. Informação Arqueológica (1986)
MATOS, José Luís Martins de (1986) - Cerro da Vila Necrópole. In Informação Arqueológica. Lisboa. 7, p. 43.
Cerro da Vila. Al-Ulyã (1996)
MATOS, José Luís Martins de (1996) - Cerro da Vila. In AlUlyã. Loulé. 5, p. 2328.
Cerro da Vila. Arqueologia en el Entorno del Bajo Guadiana. Actas del Encuentro Internacional de Arqueologia del Suroeste (1994)
MATOS, José Luís Martins de (1994) - Cerro da Vila. In Arqueologia en el Entorno del Bajo Guadiana. Actas del Encuentro Internacional de Arqueologia del Suroeste. Huelva: Grupo de Investigacion Arqueologica del Patrimonio del Suroeste, p. 521525.
Cerro da Vila. Campanha de trabalhos de 1972. O Arqueólogo Português (1972)
MATOS, José Luís Martins de (1972) - Cerro da Vila. Campanha de trabalhos de 1972. In O Arqueólogo Português. Lisboa. 3ª série: 6, p. 251262.
Cerro da Vila. Escavações em 1971. O Arqueólogo Português (1971)
MATOS, José Luís Martins de (1971) - Cerro da Vila. Escavações em 1971. In O Arqueólogo Português. Lisboa. 3ª série: 5, p. 201214.
Cerro da Vila. Informação Arqueológica (1994)
MATOS, José Luís Martins de (1994) - Cerro da Vila. In Informação Arqueológica. Lisboa. 9, p. 119.
Cerro da Vila: paleo-estuário, aglomeração secundária e centro de transformação de recursos marítimos.. Setúbal Arqueológica (2006)
TEICHNER, Félix (2006) - Cerro da Vila: paleoestuário, aglomeração secundária e centro de transformação de recursos marítimos. In Setúbal Arqueológica.
Cerâmica muçulmana do Cerro da Vila. Actas do 4º Congresso Internacional A cerâmica medieval no Mediterrâneo Ocidental (1991)
MATOS, José Luís Martins de (1991) - Cerâmica muçulmana do Cerro da Vila. In Actas do 4º Congresso Internacional A cerâmica medieval no Mediterrâneo Ocidental. Mértola: Campo Arqueológico de Mértola, p. 429456.
De lo romano a lo árabe. La transición del sur de la provincia de Lusitânia al Gharb al-Andalus. Nuevas Investigaciones en los yacimientos de Milreu y Cerro da Vila.. Anejos Archivo Español Arqueologia, 38 (2006)
TEICHNER, Félix (2006) - De lo romano a lo árabe. La transición del sur de la provincia de Lusitânia al Gharb alAndalus. Nuevas Investigaciones en los yacimientos de Milreu y Cerro da Vila. In Anejos Archivo Español Arqueologia, 38.
Escavação de Uma Unidade de Conserva de Pescado, na Estação Romana do Cerro da Vila, Loulé. Al-Ulyã (2004)
DIOGO, A.M. Dias (2004) - Escavação de Uma Unidade de Conserva de Pescado, na Estação Romana do Cerro da Vila, Loulé. In AlUlyã. Loulé. 10, p. 261272.
Escavação de uma unidade de processamento de berbigão, na estação romana do Cerro da Vila, Loulé. Revista Portuguesa de Arqueologia (2001)
DIOGO, A.M. Dias (2001) - Escavação de uma unidade de processamento de berbigão, na estação romana do Cerro da Vila, Loulé. In Revista Portuguesa de Arqueologia. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia. 4:1, p. 109115.
Estações e monumentos. Cerro da Vila (Algarve). Arqueologia (1984)
MATOS, José Luís Martins de (1984) - Estações e monumentos. Cerro da Vila (Algarve). In Arqueologia. Porto. 10, p. 137143.
Forno de cerâmica (Cerro da Vila)-1982. Informação Arqueológica (1985)
MATOS, José Luís Martins de (1985) - Forno de cerâmica (Cerro da Vila)1982. In Informação Arqueológica. Lisboa. 5, p. 77.
Influências orientais na cerâmica muçulmana do sul de Portugal. Estudos Orientais (1991)
MATOS, José Luís Martins de (1991) - Influências orientais na cerâmica muçulmana do sul de Portugal. In Estudos Orientais. Lisboa. 2, p. 7583.
Investigações geo-arqueológicas sobre a configuração do litoral algarvio durante o Holoceno. Revista Portuguesa de Arqueologia (2014)
TEICHNER, Félix, MAUSBACHER, Roland, DAUT, Gerhard, HOFER, Dana, SCHNEIDER, Heike e TROG, Carmen (2014) - Investigações geoarqueológicas sobre a configuração do litoral algarvio durante o Holoceno. In Revista Portuguesa de Arqueologia. Lisboa: Vol. 17, p. 141158.
Las termas y balnea romanos de Lusitania (2004)
REIS, Maria Pilar (2004). Las termas y balnea romanos de Lusitania. STVDIA LVSITANA (Série Monográfica do Museo Nacional de Arte Romano, Mérida), 1.
Malgas árabes do Cerro da Vila. O Arqueólogo Português (1983)
MATOS, José Luís Martins de (1983) - Malgas árabes do Cerro da Vila. In O Arqueólogo Português. Lisboa. 4ª série: 1, p. 375390.
Mausoléus do Cerro da Vila.. Arqueologia e História (1988)
MATOS, José Luís Martins de (1988) - Mausoléus do Cerro da Vila. In Arqueologia e História.
Motivos Aquáticos em Mosaicos Antigos de Portugal: Decorativismo e Simbolismo. Revista de História de Arte: O Mosaico na Antiguidade Tardia (2008)
MOURÃO, Cátia (2008) - Motivos Aquáticos em Mosaicos Antigos de Portugal: Decorativismo e Simbolismo. In Revista de História de Arte: O Mosaico na Antiguidade Tardia. Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
O Subsistema de Abastecimento de Água de Vale Tesnado no Contexto da Estação Arqueológica do Cerro da Vila. Al-Ulyã (2006)
CADETE, Maria José (2006) - O Subsistema de Abastecimento de Água de Vale Tesnado no Contexto da Estação Arqueológica do Cerro da Vila. In AlUlyã. Loulé. 11, p. 1568.
O estabelecimento portuário do Cerro da Vila (Vilamoura): de aglomerado romano a aldeia islâmica. Loulé: territórios, memórias e identidades (2017)
TEICHNER, Félix (2017) - O estabelecimento portuário do Cerro da Vila (Vilamoura): de aglomerado romano a aldeia islâmica. In Loulé: territórios, memórias e identidades.
O período islâmico no Cerro da Vila. Noventa Séculos entre a Serra e o Mar (1997)
MATOS, José Luís Martins de (1997) - O período islâmico no Cerro da Vila. In Noventa Séculos entre a Serra e o Mar. Lisboa: IPPAR, p. 459467.
Os complexos termais no contexto da Estação Arqueológica do Cerro da Vila. Al-Ulyã (2004)
CADETE, Maria José Renda Guerreiro (2004) - Os complexos termais no contexto da Estação Arqueológica do Cerro da Vila. In AlUlyã. Loulé. 10, p. 133259.
Roman Portugal (1988)
ALARCÃO, J. de (1988). Roman Portugal. Warminster: Aris & Phillips, 1988. 4 vol . Vol. 1: Introduction. Vol. 2 (fasc. 1): Porto, Bragança, Viseu. Vol. 2 (fasc. 2): Coimbra, Lisboa. Vol. 2 (fasc. 3): Évora, Lagos, Faro. BA: PI/Ala.
Subsídios para uma carta arqueológica do concelho de Loulé. Arqueologia e História (1966)
PAÇO, Afonso do e FARRAJOTA, José (1966) - Subsídios para uma carta arqueológica do concelho de Loulé. In Arqueologia e História. Lisboa. 8ª série: 12, p. 6592.
Sítios Arqueológicos Portugueses Revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-Madan (2016)
RAPOSO, Jorge (2016) - Sítios Arqueológicos Portugueses Revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. In AlMadan.
Sítios arqueológicos visitáveis em Portugal. Al-madan (2001)
RAPOSO, Jorge (2001) - Sítios arqueológicos visitáveis em Portugal. In Almadan. Almada. 2ª série: 10, p. 100157. BA: 0006a.
Location
37.08015303, -8.12038352