
Grutas da Quinta do Anjo/ Grutas do Casal do Pardo/ Covas da Moura
Description
A necrópole de grutas artificiais do Casal do Pardo ou da Quinta do Anjo localiza-se a Sudeste da aldeia da Quinta do Anjo, no lugar do Casal do Pardo, numa pequena colina alongada de topo aplanado, com orientação Sudoeste - Nordeste, paralela à Serra do Louro e Serra das Torres Altas. Este monumento integra-se na área do Parque Natural da Arrábida. Esta necrópole é constituída por quatro grutas escavadas no calcário brando do Terciário. Estas grutas são constituídas por uma câmara de morfologia circular, com cerca de 4 a 5 m de diâmetro, tecto abobadado, com pequena clarabóia no topo, … A necrópole de grutas artificiais do Casal do Pardo ou da Quinta do Anjo localiza-se a Sudeste da aldeia da Quinta do Anjo, no lugar do Casal do Pardo, numa pequena colina alongada de topo aplanado, com orientação Sudoeste - Nordeste, paralela à Serra do Louro e Serra das Torres Altas. Este monumento integra-se na área do Parque Natural da Arrábida. Esta necrópole é constituída por quatro grutas escavadas no calcário brando do Terciário. Estas grutas são constituídas por uma câmara de morfologia circular, com cerca de 4 a 5 m de diâmetro, tecto abobadado, com pequena clarabóia no topo, antecâmara ovalada, corredor estreito e rectilíneo, de comprimento variável e porta de acesso. O espólio associado a estes monumentos é muito numeroso e diversificado, sendo constituído por vestígios osteológicos humanos, artefactos de pedra lascada, maioritariamente em sílex (geométricos, lâminas e pontas de seta, em alguns casos com sinais de utilização), artefactos de pedra polida (machados de anfibolito e enxós), artefactos votivos de calcário (betilos lisos e decorados, almofarizes, enxós e representações fálicas), placas de xisto gravadas e placas de grés lisas, artefactos de adorno pessoal, como contas de colar, pendentes (elaborados em concha, variscite, calcite, moscovite, quartzo, talco, xisto, entre outros minerais), alfinetes de cabelo e botões em osso, elementos em ouro (anel em espiral, componentes tubulares e placas), artefactos em cobre, nomeadamente as pontas "tipo Palmela" (morfologia foliácea e pedúnculo mais ou menos curto), conjunto de recipientes cerâmicos lisos e decorados (caneluras, retículas¿), dos quais se destacam os recipientes com decoração campaniforme (Estilo Marítimo com decoração incisa e impressa) e as taças "tipo Palmela", com decoração geométrica e por vezes com motivos zoomórficos (veados e corças) e vestígios de conchas (ameijoas, vieiras) e de dentes de tubarão azul ou tintureira. As características arquitectónicas destas estruturas funerárias, os materiais recolhidos e as datações absolutas disponíveis permitem enquadrar a sua construção no Neolítico final (3200 - 2900 a.C.) e a sua utilização mais intensa durante todo o Calcolítico (2900 - 2000 a. C.), registando-se algumas reutilizações durante a Idade do Bronze Estas grutas artificiais foram identificadas com a exploração de pedra no local, que terá destruído parcialmente as grutas 3 e 4. A primeira intervenção arqueológica foi realizada por Carlos Ribeiro em 1876, com a colaboração de António Mendes e Agostinho Silva. Os resultados destes trabalhos foram amplamente divulgados na comunidade arqueológica internacional, no âmbito do IX Congresso de Antropologia realizado em Lisboa em 1880. No início do século XX, António Marques da Costa prosseguiu com escavação nas grutas 1 e 2, relacionando estas estruturas funerárias com o povoado de Chibanes (CNS 635). Os materiais resultantes destas intervenções foram estudados e publicados por V. Leisner e O. da Veiga Ferreira (1961), pelo casal Bubner e mais tarde por Joaquina Soares. No início do século XXI, este monumento foi intervencionado por Patrícia Jordão e Pedro Mendes, numa abordagem geoarqueológica que permitiu a clarificação de algumas questões arquitectónicas. Entre 2013 e 2018 desenvolveu-se o projecto de valorização das grutas, coordenado por Vitor S. Gonçalves, Ana Catarina Sousa e Michelle Santos. As grutas artificiais da Quinta do Anjo ou do Casal do Pardo pelas suas características arquitectónicas e artefactuais tornaram-se, desde a sua identificação, um contexto incontornável para o estudo das práticas funerárias das comunidades do Neolítico final / Calcolítico no Sul peninsular. (atualizado por C. Costeira e F. Bragança, 26/06/19).
Archaeological Findings
artefactos de pedra lascada, maioritariamente em sílex (geométricos, lâminas e pontas de seta, em alguns casos com sinais de utilização), artefactos de pedra polida (machados de anfibolito e enxós), artefactos votivos de calcário (betilos lisos e decorados, almofarizes, enxós e representações fálicas), placas de xisto gravadas e placas de grés lisas, artefactos de adorno pessoal, como contas de colar, pendentes (elaborados em diferentes tipos de minerais), alfinetes de cabelo e botões em osso, elementos em ouro, artefactos em cobre, nomeadamente as pontas "tipo Palmela", conjunto de recipientes cerâmicos lisos e decorados, dos quais se destacam os recipientes com decoração campaniforme e as taças "tipo Palmela". Vestígios de conchas (ameijoas, vieiras) e de dentes de tubarão azul ou tintureira. Vestígios osteológicos humanos.
Depositaries
Museu Nacional de Arqueologia e Museu do Instituto Geológico e Mineiro
Classification
ZEP - Zona Especial de Protecção
Conservation Status
Regular
References
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Location
38.564148, -8.93863