
São Vicente do Pinheiro/Várzea
Description
O balneário romano de São Vicente do Pinheiro localiza-se na Av. Central das Termas e está integrado no recinto das atuais Termas de São Vicente, em Penafiel, sendo que a sua implantação neste local possibilitou o aproveitamento das águas medicinais carbonatadas e sódicas existentes. O sítio foi identificado no início do séc. XX, no decorrer de obras com o objetivo de captar e utilizar as águas medicinais, tendo sido escavado e estudado por José Fortes, em 1902. Estes trabalhos permitiram caracterizar o equipamento de banhos, que era composto por um edifício único, com cerca de 250 m2, dividido em onze … O balneário romano de São Vicente do Pinheiro localiza-se na Av. Central das Termas e está integrado no recinto das atuais Termas de São Vicente, em Penafiel, sendo que a sua implantação neste local possibilitou o aproveitamento das águas medicinais carbonatadas e sódicas existentes. O sítio foi identificado no início do séc. XX, no decorrer de obras com o objetivo de captar e utilizar as águas medicinais, tendo sido escavado e estudado por José Fortes, em 1902. Estes trabalhos permitiram caracterizar o equipamento de banhos, que era composto por um edifício único, com cerca de 250 m2, dividido em onze compartimentos. O balneário possuía duas entradas orientadas a E, uma que fazia a comunicação do exterior com a zona pública do edifício e outra com a zona de serviços. Entrando pela primeira, era possível aceder a uma sala de forma quadrangular, a que se seguia outra sala idêntica, ambas a cota mais elevada que o resto do edifício e ligadas, através de dois degraus em pedra, a uma sala central. A partir desta o utilizador poderia entrar em dois compartimentos, um a E e outro a O, que corresponderiam muito possivelmente a salas de banhos frios. Cada um continha uma piscina, sendo a do primeiro rodeada por um banco com aresta chanfrada e medindo um metro de profundidade. A piscina do compartimento a O era de topo semi-circular e encontrava-se rodeada por bancada. Através da sala central poderia ainda aceder-se a uma zona tépida, a S, constituída por dois compartimentos com cota inferior, um destes ligado a uma sala quadrangular mais quente, interpretada como área de calor seco para provocar a sudação (laconicum), dispondo de um possível banco em tijolo. Este último espaço possuía paredes revestidas de alveoli, por onde circularia o calor proveniente hipocausto, sistema composto por vários pilares ladeados por três séries de arquetes em tijolo, sobrepostas por tégulas cobertas por opus signinum. O balneário era composto por outra câmara aquecida, formada por três espaços, onde foi observado um cano de chumbo e uma grande bacia de bronze com cerca de trinta kilos, que se achava presa sobre o fogo através barras de ferro com origem na parede. A zona de serviços dividia-se em duas salas retangulares, que comunicavam com a zona quente. Uma destas salas albergava uma lareira de grandes dimensões e dispunha de chão lajeado, onde se abriam espaços para canalizações que facilitavam a saída de água em direção ao esgoto. Conectada a esta, encontrava-se outra sala, onde era feita a receção da água originária da nascente, através de um caleiro de pedra. Estruturas de canalização semelhantes são visíveis no exterior, destinadas a facilitar a captação das águas termais. No que diz respeito ao material utilizado, na construção das paredes do edifício recorreu-se ao granito e ao barro, que poderiam ser provenientes da zona, dado a sua abundância em Pinheiro e nas freguesias envolventes. A cobertura dos compartimentos foi feita em tégula e imbrice, sobre estrutura de madeira. A 1ª campanha do PIPA "Balneário romano de São Vicente (Penafiel)" permitiu uma intervenção pontual nas salas I e K para reconhecer a organização destes compartimentos. Na sala I foi detetado o piso original do compartimento, em opus signinum, que seria a suspensura do hipocausto da sala. Por baixo do arco do praefurnium detetaram-se dois blocos de granito que configuram o canal do forno. Encontra-se preservado todo o hipocausto, assim como a suspensura e a boca do praefurnium.
Archaeological Findings
Moedas, pesos em xisto, pedras de amolar, seixos, mós manuais circulares, machado de pedra polida, fragmento de ânfora, fragmentos de vasos fechados com asa de fita, panelas de lume, dólia, pratos de lume, dois almofarizes de aba horizontal e pesos de tear.
Depositaries
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Classification
Classificado como MIP - Monumento de Interesse Público
Conservation Status
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References
Archeologia Portugueza. Balneum luso-romano de S. Vicente do Pinheiro (1902)
FORTES, José T. Ribeiro (1902). Archeologia Portugueza. Balneum lusoromano de S. Vicente do Pinheiro. Porto: Typ. Central, p. 56.
Monte Mózinho. Apontamentos sobre a ocupação entre Sousa e Tâmega em época romana. Penafiel. Boletim Municipal de Cultura (1984)
SOEIRO, Maria Teresa C. M. (1984) - Monte Mózinho. Apontamentos sobre a ocupação entre Sousa e Tâmega em época romana. In Penafiel. Boletim Municipal de Cultura. Penafiel. 3ª série: 1, p. 5232.
Roman Portugal (1988)
ALARCÃO, J. de (1988). Roman Portugal. Warminster: Aris & Phillips, 1988. 4 vol . Vol. 1: Introduction. Vol. 2 (fasc. 1): Porto, Bragança, Viseu. Vol. 2 (fasc. 2): Coimbra, Lisboa. Vol. 2 (fasc. 3): Évora, Lagos, Faro. BA: PI/Ala.
Location
41.1179437078706, -8.29452457644697